Conforme o tributarista Renzo Bahury de Souza Ramos, a Declaração de Incentivos, Renúncias, Benefícios e Imunidades de Natureza Tributária (Dirbi) surgiu como uma medida importante na estratégia arrecadatória do governo brasileiro, com o objetivo de melhorar a transparência e o controle sobre os incentivos fiscais concedidos. De acordo com os dados levantados pela Dirbi e conforme a Medida Provisória 1227, a desoneração da folha de pagamentos e o programa Perse têm demonstrado impactos significativos, com valores que podem ultrapassar as estimativas iniciais.
Neste artigo, vamos explorar os principais pontos revelados pelos dados da Dirbi e o impacto esperado desses benefícios fiscais no orçamento nacional.
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O limite do Perse pode ser atingido antes do prazo?
A Declaração de Incentivos, Renúncias, Benefícios e Imunidades de Natureza Tributária (Dirbi) indica que o limite de R$ 15 bilhões para abatimentos no âmbito do Perse pode ser atingido antes do prazo estipulado para o encerramento do programa, em 2026. Dados recentes, referentes ao período de janeiro a maio, mostraram que R$6 bilhões já foram utilizados em benefícios do Perse.
Como apresenta Renzo Bahury de Souza Ramos, mesmo com o ajuste político para considerar o período a partir de abril, o ritmo observado nos dois meses subsequentes, e a falta de conformidade de várias empresas, sugere que o limite pode ser alcançado até o final do próximo ano. Além disso, a alta demanda por esses incentivos e as tentativas de algumas empresas de utilizar os benefícios sem a devida homologação indicam uma pressão crescente sobre o orçamento destinado ao Perse.
A desoneração da folha de pagamentos está realmente acima do previsto?
A Dirbi, conforme a MP 1227, revela que a renúncia fiscal associada à desoneração da folha de pagamentos pode ultrapassar os R$15 bilhões anuais inicialmente estimados pelo governo. Entre janeiro e maio, foram declarados R$8 bilhões em benefícios relacionados a essa desoneração, embora várias empresas ainda não tenham prestado contas sobre esses valores. Isso sugere que o impacto real pode superar R$20 bilhões anuais para os 17 setores beneficiados. A questão está sendo amplamente discutida no Congresso, especialmente após uma decisão do STF que determinou a necessidade de compensação para esses incentivos fiscais.
Como observa Renzo Bahury de Souza Ramos, a discrepância entre as estimativas e os valores reais também levanta preocupações sobre a sustentabilidade das políticas de desoneração e sua adequação aos objetivos fiscais do governo. A ampliação dos benefícios pode criar uma pressão adicional sobre o orçamento e exigir uma reavaliação das estratégias de compensação e ajuste fiscal. A discussão em curso no Congresso será crucial para definir o futuro desses incentivos e garantir que eles sejam implementados de forma equilibrada e eficiente.
Como a Receita Federal e o CFC estão lidando com a Dirbi?
A conselheira do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), Ângela Dantas, observa que a Dirbi traz um maior controle sobre os benefícios fiscais, mas também destaca os desafios que essa nova obrigação acessória representa para as empresas. Dantas sugere que a Receita Federal poderia integrar a Dirbi a sistemas já existentes, como a EFD-Contribuições, para simplificar o processo de prestação de contas.
Em resposta à demanda do CFC, a Receita Federal adiou a cobrança de multas e concedeu mais prazo para as retificações da Dirbi. Como alude o tributarista Renzo Bahury de Souza Ramos, a consolidação dessa ferramenta é vista como um passo importante para uma análise mais detalhada dos benefícios fiscais no país e para identificar de forma mais precisa a quem eles são direcionados.
Desafios e perspectivas para o controle fiscal: a realidade do Perse e da desoneração
Em conclusão, os dados mais recentes sobre a Dirbi e o programa Perse revelam uma complexa realidade fiscal, com impactos que podem exceder as previsões iniciais do governo. Enquanto o Perse pode atingir seu limite de abatimentos antes do esperado, a desoneração da folha de pagamentos está gerando um impacto financeiro superior ao estimado, evidenciando a necessidade de uma supervisão mais rigorosa e de ajustes nas práticas de conformidade. Como reitera Renzo Bahury de Souza Ramos, a adaptação da Dirbi para se integrar a sistemas fiscais existentes e a contínua discussão sobre compensação e controle são fundamentais para garantir que os incentivos fiscais sejam administrados de forma eficiente e transparente.