O entusiasta Pedro Duarte Guimarães destaca que entender as festas indianas é uma forma de mergulhar na alma de um dos países mais antigos e espiritualmente diversos do mundo. Com raízes milenares, esses eventos transcendem o entretenimento e se transformam em verdadeiros rituais de conexão entre fé, comunidade e identidade. Cada celebração tem um enredo rico, marcado por deuses, mitologias e ciclos da natureza.
As comemorações mais conhecidas surgiram como manifestações sociais carregadas de significados. Festas como Diwali, Holi e Navaratri, por exemplo, celebram vitórias do bem sobre o mal, a chegada de estações ou a renovação da fé. Cada detalhe, do vestuário às comidas típicas, carrega memórias ancestrais que continuam vivas por meio da coletividade. Para quem observa de fora, parecem grandes espetáculos. Mas, para os indianos, são reencontros com suas raízes.
Qual a origem do Diwali e por que ele é considerado o “Festival das Luzes”?
De acordo com Pedro Duarte Guimarães, o Diwali, ou “Festival das Luzes”, é uma das festas mais importantes da Índia, celebrada por várias religiões, como o hinduísmo, o jainismo, o siquismo e o budismo. A origem do festival está ligada a várias histórias mitológicas que variam conforme a região, mas uma das mais amplamente aceitas é a história do príncipe Rama, que, após derrotar o demônio Ravana e resgatar sua esposa Sita, retorna à sua cidade, Ayodhya. A população, em celebração, acende lâmpadas de óleo, conhecidas como diyas, para iluminar o caminho do príncipe e simbolizar a vitória do bem sobre o mal.

A prática de acender as lâmpadas no Diwali tem um significado profundo. As diyas representam a luz que afasta a escuridão, seja no sentido físico ou espiritual. O festival é um momento de renovação e purificação, no qual os devotos buscam a prosperidade, a saúde e a sabedoria. Durante os cinco dias de celebração, as famílias se reúnem, oferecem orações, preparam alimentos especiais e decoram suas casas com essas lâmpadas e padrões coloridos chamados rangolis. O Diwali também marca o fim do ano hindu e é visto como uma oportunidade para limpar as casas, as dívidas e recomeçar com uma nova perspectiva.
O que torna o Holi uma das festas mais populares do mundo?
Holi, conhecido como o Festival das Cores, remonta a lendas que exaltam a alegria, a liberdade e a superação do medo. A principal narrativa envolve Krishna e Radha, celebrando o amor e a aceitação das diferenças. O que começou como um ritual espiritual se tornou uma explosão de tintas e celebração coletiva. Segundo Pedro Duarte Guimarães, o Holi é símbolo de inclusão, pois durante essa festa desaparecem hierarquias sociais e todos brincam juntos. Ninguém se importa com status, religião ou idade. É um momento de igualdade plena.
A festa ocorre com a chegada da primavera e traz consigo a ideia de renascimento. As cores jogadas ao ar representam o florescer da natureza e a alegria de viver. Há fogueiras, danças e músicas por todos os lados. É comum ver amigos e desconhecidos sorrindo e se pintando mutuamente, num gesto de unidade. Em termos culturais, o Holi expressa o espírito vibrante da Índia. Seu impacto é tão grande que inspirou eventos semelhantes ao redor do mundo, o que mostra como uma tradição local pode se transformar em símbolo global de celebração.
Como as festas refletem os valores da sociedade indiana?
Cada celebração tradicional na Índia reforça valores como respeito à natureza, à família e ao divino. O Navaratri, por exemplo, homenageia diferentes formas da deusa Durga, exaltando o poder feminino e a força espiritual. Durante nove noites, orações, danças e jejuns aproximam as pessoas de sua espiritualidade e da coletividade. Pedro Duarte Guimarães ressalta que o caráter cíclico dessas festas revela uma forma de viver conectada ao tempo sagrado e à transformação interior. Há sempre uma mensagem por trás da celebração.
Esses eventos também funcionam como forma de ensino cultural. As crianças crescem aprendendo os mitos, os cantos e os significados de cada etapa do ritual. A oralidade e a repetição mantêm vivas as raízes de uma civilização que resiste às mudanças do tempo. As festas são espaços onde passado, presente e futuro se encontram. Elas não apenas celebram o que foi, mas plantam valores para o que virá. Por isso, são tão fundamentais para a formação da identidade indiana, tanto individual quanto coletiva.
Muito mais que comemoração
Ao mergulhar na história das festas indianas, compreende-se que elas são pontes entre o espiritual e o cotidiano. Cada celebração envolve um contexto mitológico, cultural e emocional que molda a forma como os indianos se relacionam com o mundo. As festas não são meras datas comemorativas: são experiências transformadoras que elevam a consciência coletiva. Pedro Duarte Guimarães reforça que, para entender a Índia, é preciso viver e sentir esses momentos. É ali que a alma do país se revela.
Essas festividades continuam impactando não apenas o povo indiano, mas todos que se aproximam de sua cultura com respeito e curiosidade. Elas ensinam sobre fé, diversidade, renovação e convivência. Celebrar com o coração aberto é também uma forma de aprender sobre si mesmo. Ao valorizar essas tradições, abre-se espaço para o diálogo entre culturas e para o reconhecimento da riqueza simbólica que a Índia oferece ao mundo. Cada festa é um convite à descoberta e à conexão.
Autor: Decad Latyr